D. João V concedeu ao Capitão-mor Garcia Rodrigues Paes Leme ‘uma vila onde lhe parecer conveniente, sobre a serra dos Órgãos para as Minas Gerais’ segundo o Alvará de 1715, registrado no Livro II do Senado da capital do Rio, em recompensa aos importantes serviços prestados à Coroa, e pelo conhecimento do Caminho Novo.
Não foi possível ao Capitão-mor, nem ao seu filho Pedro Dias Paes Leme, efetuar o erguimento da vila. Quem executou foi o Coronel Fernão Dias Paes Leme, fazendo criar no arraial de Campo Alegre a vila de Resende, nome em homenagem ao Conde de Resende, em 1801. O fato de ser dada essa honraria à família Paes Leme, não lhes dava automaticamente a posse da terra. Já existiam proprietários no local há muitos anos e alguns já plantavam café. Fato que teria sido bastante incentivado pelo Marquês de Lavradio, que isentou em 1772 do serviço militar, os habitantes dessa zona que plantassem um certo número de pés de café. Porto Real pertencia à região de Resende. É difícil encontrar nos dias de hoje qualquer menção de Porto Real nos apontamentos históricos da Vila de Resende.
A referência encontrada é sobre um local conhecido como Minhocal, que em 1800 havia sido adquirido por um certo ‘ajudante’ de nome José de Souza Marques. Que tipo de ajudante ou que pessoa seria esse José Marques não nos é dado conhecer. Por volta de 1822 herdeiros desse senhor entraram numa disputa sobre as linhas divisórias de suas terras. Solicitada a interferência do rei, este deu ganho de causa aos herdeiros, que em agradecimento doaram ao soberano uma grande porção dessa mesma terra.
Nela foi feito um desembarcadouro no rio Paraíba que ficou denominado de Porto Real. O imperador D. Pedro II passou a utilizar o Porto Real como ponto de parada e descanso durante suas viagens. Tinha duas casas construídas para seu conforto e um pequeno balneário para seu uso.
Na década de 1870 a Província do Rio de Janeiro propôs na Câmara Municipal o estabelecimento de um engenho de cana-de-açúcar com capital garantido pela Província. O objetivo era o desenvolvimento do município. A Câmara respondeu informando serem favoráveis as condições para o cultivo da cana esclarecendo que na região a lavoura, até então, havia sido cafeeira. Acrescendo-se o fato de os terrenos nesse local serem adequados ao plantio da cana, por serem planos e baixos.
O Governo Imperial criou então a Colônia de Porto Real. E pensou-se em trazer colonos italianos para iniciar a plantação de cana.
O povoado já tinha seu pequeno núcleo que continha na sua composição também elementos suíços e franceses que nesse tempo produziam cana-de-açúcar em pequena escala, além de lavoura de subsistência como milho, arroz e mandioca. Nas memórias do Sr. Enrico Secchi, o organizador dessa vinda, há o relato de como foi processada a imigração da Itália para Porto Real.